Oi amados, tudo bem? Hoje vim compartilhar com vocês minha conversa com a Elaine, uma suuuper querida e que já morou em 5 países, tendo muita coisa para contar pra gente!
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Quando decidimos ouvir a história da Elaine foi por já conhecê-la a muito tempo e saber que ela tem muitasss histórias para contar! Além disso, é uma pessoa centrada, querida, mega conselheira e amiga de todos.
A primeira impressão que passa é de ser aquelas mulheres chiques entojadas sabe? Mas não é nadaaa disso! Acredito, após conhecê-la melhor, que ela faça isso já sem perceber, para manter distância de gente chata! kkkk
Ela é uma das amigas que tenho que mora desde os 20 anos fora do Brasil, e tendo muitas experiências para contar para quem tem vontade de sair do país, principalmente se quiser viver num dos países em que ela já viveu.
Nesse primeiro artigo não nos deteremos em nenhum país específico mas em perguntas gerais! Nos próximos, ela falará especificamente sobre cada um dos países que viveu.
Vamos conhecer melhor a Elaine?
A Elaine é natural do Rio de Janeiro e aos 20 anos, na década de 90, casou e foi morar na França por cinco anos numa cidade chamada Sens, que fica a 80 km de Paris, para vocês se situarem.
Após esse tempo, foi para os EUA, em Houston, que fica a quase 2 mil km de Miami e 2600 km de Nova Iorque. Morou lá por um total de 10 anos, em épocas diferentes, e trabalhou com turismo.
Após 10 anos no exterior, voltou para o Brasil e teve as filhas gêmeas. Depois, voltou a morar fora, em Edimburgo, na Escócia.
Atualmente ela vive na Noruega, onde pretende residir por tempo indeterminado. Ufaaa! Até cansei de escrever após tantas mudanças, imagino ela com tantas adaptações né?
Entrevista – Sou Elaine
Para conhecermos a Elaine melhor fizemos uma série de perguntas. Não esqueçam que se quiserem saber mais é só deixar nos comentários que responderemos com a ajuda dela, ok?
BT: Quais os países que você já viveu após sair do Brasil?
Sai do Brasil e fui morar na França, onde morei por quase 5 anos. Depois fui para os EUA, onde morei por quase 8 anos, voltei para o Brasil fiquei quase 2 anos e em seguida fui para a Noruega, Escócia. Voltei para os EUA e, por último, Noruega. Já estou aqui há 10 anos, e não existe perspectiva de mudar, devo morar aqui indefinidamente.
BT: Com que idade você saiu do Brasil? Existe uma “idade certa” para mudar do país? Mais fácil ou difícil sair jovem?
Sai do Brasil com 20 anos, na década de 90, e acredito que não existe idade certa para mudar. Depende da maturidade da pessoa, principalmente a emocional e o propósito da mudança.
Isso é um fator muito importante, na época que saí não tinha tanta facilidade de comunicação, então saindo jovem facilita sua adaptação, se afastar de sua vida completamente, porque no meu caso tive que praticamente me desligar da minha vida no Brasil e começar uma vida nova.
Mas foi fácil por eu ser jovem, estar apaixonada, querendo explorar o mundo! Se eu fosse mais velha, se tivesse raízes mais profundas no Brasil, teria sido muito mais difícil fazer essa transição, abandonar carreira e ter que começar do zero em outro lugar se torna muito mais difícil. Então, nesse ponto, sendo jovem facilita bastante.
BT: Você já falava inglês?
Eu já falava inglês fluente. Trabalhava falando inglês antes de sair do Brasil, mas também não adiantou muito, porque o primeiro país que fui morar foi na França, em uma cidade relativamente pequena, onde quase ninguém falava inglês.
Porém, quando eu soube que ia morar lá, comecei a fazer um curso intensivo de francês. Fazia aulas particulares várias vezes por semana para tentar pegar pelo menos o básico, poder ler o cardápio e pedir uma comida, ter uma conversação básica com as pessoas, pedir uma informação… Na época não tinha google maps ou essa coisa de poder pesquisar pela internet tudo que precisamos!
Saber falar algo, mesmo que o básico, me ajudou muito, pois apesar de não falar muito, as pessoas viam que eu estava tentando. Estava me esforçando, então as pessoas já me atendiam diferente. Você sair do seu país sabendo o básico da língua para onde vai morar é muito importante, só te favorece. Atualmente as pessoas geralmente falam inglês, então fica mais fácil, mas a língua local é muito necessária.
BT: Quais os pontos positivos de morar nesses diferentes países?
Poderia ficar meses falando sobre isso! hehehe
Mas vamos focar nos pontos que considero mais importantes, que são qualidade de vida, segurança e estabilidade.
Quando morei na França o país era mais seguro, não havia tantos imigrantes e, consequentemente, os franceses eram mais receptivos. Atualmente, as grandes cidades de lá estão lotadas de imigrantes e turistas. Compreendo que os franceses talvez já não aguentem tamanha “invasão”. Tento entender os dois lados: do morador, que se sente invadido por tantos estrangeiros, mas também do imigrante, pois eu também sou estrangeira.
Sou apaixonada pela França, amo essa parte social, de receber, com comida que combina com o vinho, esse estilo de vida de casa cheia, como eles costumam fazer. Me envolvi muito emocionante com o país pois amo arte, culinária…Coisas muito enraizadas na cultura francesa.
Já nos EUA são mais individualistas, tive mais dificuldade! Eu morava no Texas e lá as pessoas se encontram mais nos restaurantes. Na cultura deles as pessoas trabalham muito, ficam mais no trabalho, na rotina com a família, Trabalho, casa, shopping. Parece que falta tempo, energia e vontade de ter uma vida social mais ativa.
Como a Noruega, aqui também não tem tanta vida social. Essas coisas dependem de cada cultura, cada país tem suas características. Então, na verdade, tento não comparar muito os países, tento focar nas parte positiva de cada lugar.
Aqui na Noruega, por eles serem mais fechados (e acredito que também tem relação com eu atualmente conviver com pessoas não tão jovens), me parece que as pessoas já tem um circulo de amizades formado e, consequentemente, não têm muito interesse em fazer novas amizades. Como meu marido é norueguês, tenho bastante convivência com a família e amigos dele.
O que estiver ao meu alcance, tento mudar. Por exemplo: se não tiver muita vida social, tento convidar as pessoas para irem lá em casa. Ao invés de ir para um restaurante, tento construir o que gosto para minha vida e focar nisso. Tentar adaptar meu estilo ao local onde estou vivendo. Claro que tem coisas que não posso mudar.
BT: Você tem amigos da comunidade brasileira? Acha importante essa interação ou isso pode prejudicar a adaptação ao país?
Quando sai do país fiquei afastada dos brasileiros por opção, queria aprender as línguas locais e ficar imersa na cultura de cada país que vivi.
Já sabia que se ficasse grudada em brasileiros seria mais fácil emocionalmente, mas também nunca mais sairia da zona de conforto e não teria aprendido tanto de cada lugar que vivi!
Atualmente, depois de quase três décadas fora do Brasil, tenho um grupo legal de amizade com brasileiras queridas. Conheci muita gente honesta, positiva, alegres e dedicadas. E, através delas, tenho novamente mais contato com a minha cultura, posso falar minha língua, dar risada das nossas piadas, com nosso humor e irreverência. Não é tão simples abraçar o humor de outra cultura, que tem outras nuances. Enfim, de certa forma essas amigas se tornam um pouco como se fossem minha família, como se fossem primas ou tias que fazem parte do meu cotidiano no exterior.
BT: Quais os pontos negativos de morar fora do Brasil?
O ponto negativo seria o afastamento, agora já não existe tanto. Estamos tão conectados que podemos falar com todo mundo, de graça. Pode ser negativo quando a pessoa não consegue se desligar da vida de lá longe, fica com o corpo aqui, mas a mente, sentimento, fica muito apegada as coisas lá do seu país.
Outro ponto negativo é a dificuldade na adaptação ao clima. Por exemplo, a pessoa vem do norte, nordeste do Brasil para um clima frio, até aprender a se vestir para não congelar e se acostumar a temperaturas, muitos vezes negativas, é muito complicado e leva tempo esse processo. Isso é um sofrimento e algumas pessoas chegam até mesmo a ter depressão.
Sobre alimentação, atualmente conseguimos encontrar quase todos os alimentos que têm no Brasil, mas cada país tem a sua maneira de comer. Tem lugares, como na Noruega, que as pessoas comem muito pão, o almoço é super leve e geralmente só existe uma refeição quente, que é o jantar. Os recém chegados sentem falta do arroz e feijão, do churrasco…Então o saudosismo acontece.
BT: Já sofreu preconceito por ser brasileira?
Não sei se foi preconceito, mas os franceses por exemplo, por quererem proteger seu espaço tem uma tendência a serem mais preconceituosos com estrangeiros. Mas não como brasileira, pelo contrário, sempre fui bem recebida. Fiz amizades lindas com moradores locais e conheci gente chata, como em qualquer lugar do mundo. Nunca me apeguei muito a palavra preconceito, acho que você só encontra pessoas na hora errada, que não estão muito abertas para estranhos, não necessariamente a nacionalidade que é importante.
Entretanto, já passei por momentos chatos, mas que também ocorreriam no Brasil, onde as pessoas sofrem preconceito por status, ou classe social infelizmente.
Acho a palavra muito abrangente, pois podemos colocar aqui preconceito por classe social e cor de pele, por exemplo. Tive amigas brasileiras de pele negra morando na França que sofreram muito preconceito. Infelizmente, a cor da pele contava muito mais que a nacionalidade.
A maneira como você se veste também é muito importante na França. É comum as pessoas te olharem dos pés a cabeça. Eu tinha uma condição financeira relativamente boa, então me preocupava em me arrumar, pois sentia que as pessoas me tratavam melhor ou pior dependendo da minha aparência. É chato, claro que é…Mas infelizmente na maioria dos países é assim, inclusive no Brasil.
BT: Qual o melhor país para criar filhos na sua opinião?
Atualmente, diria a Noruega pois as crianças ficam crianças por muito tempo, é um país seguro. A partir de 7,8 anos as crianças já caminham sozinhas da escola para casa.
Me sinto muito privilegiada em criar meus filhos aqui, onde eles podem ser crianças por mais tempo.Minhas filhas que são gêmeas pegavam o transporte público a partir dos 10 anos de idade, poucas paradas, 4 no máximo. Mas, mesmo assim eu não precisava estar junto. Podiam sair as duas juntas para ir ao cinema sem ter a necessidade de um adulto cuidar. Aqui não tem tanto apelo a sensualidade, me parece que no Brasil as crianças ficam adultas muito mais rápido. Vejo com sobrinhos e filhos de amigas, meninas principalmente, já falando de namorados e que se vestem com roupas de mulher já muito novinhas, têm aquela preocupação com namorado muito cedo.
Apesar daqui ser muito mais aberto, onde as crianças recebem educação sexual na escola bem novinhas, é algo mais educativo. Elas recebem informação e orientação. Me sinto muito mais tranquila e amparada em criar minhas filhas em uma sociedade onde a criança pode pouco a pouco ter essa independência, e ir amadurecendo gradativamente.
BT: Quais perrengues você já passou morando fora?
Esses eu esqueço rápido! Tento não focar muito e confesso que os piores que passei foram no Brasil, onde me senti ameaçada de vida ou morte. Essa parte, que para mim é a pior coisa do mundo, não consigo esquecer jamais, pois você fica traumatizada para o resto da vida.
Essas coisas pequenas, tipo não ser bem tratada, não me apego e esqueço rápido.
Lembro de um que passei, não foi nos países que morei, mas sim visitando o Taiti, onde eu estava de férias com meu ex marido. O convenci de pegar um ônibus local e essa parte foi fácil, porque eu já falava francês que é a língua local.
Adoro fazer coisas que o povo está fazendo, não só os passeios de turistas…É mais barato e divertido. Claro que adoro passeios luxuosos, mas também amo conhecer coisas de locais.
Fomos para o outro lado da Ilha, fizemos caminhadas, vimos cachoeira, a areia preta (de origem vulcânica, por isso não é branquinha), tudo de graça. Não com o preço absurdo que iríamos pagar nos passeios turísticos. O problema: foi e para voltar? Havia esquecido de pegar essa informação, simplesmente, fomos para o lugar onde descemos do ônibus e ficamos em pé muito tempo esperando e nada de aparecer o bendito ônibus.
Saímos de lá e achamos uma quitandinha de beira de estrada com frutas, já quase fechando. Perguntei do ônibus, onde passaria, pois estávamos no cruzeiro e tínhamos horário para voltar e pegar o barquinho para entrar no navio que estava ancorado. Aquela hora já escurecendo e nada!
O cara falou que o ponto estava certo, que era para sentar e esperar pois quando tivesse mais gente o onibus iria aparecer.
Até tentei curtir o pôr do sol, mas meu ex marido queria me matar! Estávamos lá perdidos e quase perdendo a saída do navio. Felizmente, o ônibus apareceu e deu tudo certo no final.
Não esqueço disso pois foi algo que fui eu quem provocou, quem não planejou direitinho… Se fosse causado por outra pessoa, relevo pois não sabemos o que está acontecendo na vida dela. Ninguém é perfeito, mas nessa situação foi falta de planejamento meu!
BT: Quais seus conselhos para algum/a brasileira que vai mudar de país?
Sair do país falando o inglês mais fluente que conseguir! Sem poder se comunicar sua vida ficará mais complicada.
Se souber para qual país vai, já tente aprender o básico do idioma local, sem poder se comunicar sua vida ficará muito complicada.
Ler bastante sobre o país para onde você irá, tentar ler sobre a cultura, costumes e a história do país. Estude um mapa, tenha uma noção do tamanho, da localização geográfica para você ter uma visão de onde vai morar. Chegue com algum conhecimento do local para onde vai!
Sempre aconselho que aprenda a cozinhar pelo menos seus pratos favoritos, pois aí o saudosismo diminui. Quando sentir falta vai lá e faz sua comida favorita!
Eu faço assim, quando estou com saudades de um dos países que já morei vou lá e passo a semana fazendo a comida daquele país. Seja França ou Brasil, por exemplo. É uma maneira de matar a saudades dos países que vivi, pode ser que eu seja mais ligada a isso pois amo gastronomia, mas acredito que conta.
De maneira geral, o quanto mais auto suficiente você conseguir aprender a ser antes da mudança, melhor. Acho que assim a transição fica bem mais fácil.
E ai, o que acharam?
Logo teremos artigos com a Elaine, falando sobre os países que ela viveu e a viagem para a Coreia do Sul. Se você tem o sonho de morar fora do Brasil mas tem dúvidas, não deixe de colocar nos comentários! Vamos conversar e trocar experiências?
Beijos da So! Vejo vocês na nossa próxima viagem!